sexta-feira, 17 de maio de 2013


"Andar com fé eu vou, que a fé não costuma faiá." Gil

Parece que para cada Marília na terra há um castelo. Com um sorriso aberto, na tentativa de disfarçar sua timidez, falava acanhada as primeiras palavras com a voz ainda rouca. Parecia dificil contar de onde veio, a saudade conseguia sorrir com ela. 
Moça de interior, sabe como é? Daquelas que você sempre imaginou. “ Eu sou de Pé de Serra, mas me mudei pra Fêra logo menina quando meu pai se foi...Minha família é toda de lá”. Perguntei que família era essa, se era difícil continuar sonhando mesmo com seus amores distantes...Sorriu e respondeu: “ Eu vejo eles todos os finais de semana, mas é muito difícil não poder vivenciar o dia a dia. Não ver minha sobrinha crescer.” Nesta hora Marília apertou o terço que sempre carrega entre os dedos, e apesar da saudade não ter escorrido, dava pra sentir sua emoção tomando conta.
Moça de fé, perguntei de onde vem, no que acredita e ela disse: “Em Deus, eu sou católica, toda minha família é. Mas minha fé nunca foi testada, nunca descobri se realmente funciona, mesmo assim rezo e acredito que as coisas podem mudar...”. Perguntei por quem ela rezava hoje, por que não soltava aquele terço, se havia algum motivo especial? Marília titubeou, pareceu envergonhada mais uma vez... Respirou fundo e falou: “ Rezo por uma amiga da família que precisa de oração. Leucemia. Ela tem 20 anos e não sai do hospital há dias. O médico falou que ela ia sair hoje, estava tão feliz. Mas na saída ele mudou a previsão pra daqui a um mês”.
Marília nasceu no ventre da política. Avô, mãe, tios, todos políicos. E como toda boa ovelha cor de rosa, quis ser jornalista e perambular por aí. Queria saber, como é possivel não se envolver, mesmo já estando tão dentro assim. " Eu não entendo de política, nunca gostei, minha ficha não cai,as vezes tento compreender as situações, mas na verdade prefiro nem ficar sabendo."
Quando falo de castelo, não é um daqueles de cimento, que qualquer um pode constuir. Falo do sonho, que parece tão real e inocente nas palavras da moça.

“ Eu quis ser atriz, quis ser cantora, quis ser artista. Me encontrei no jornalismo. Quero trabalhar com cinema, eu amo cinema. Quero trabalhar viajando muito, por todos os cantos. Eu sei que não é facil, mas ainda assim quero. Não quero filhos por agora não, quero mesmo é viajar” Entendeu a moça? O castelo dela não pode ser de cimento, pois ele viaja com ela no seu coração, que crê.

Marília Abubakir Randam

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