Foi graças a um encontro, em meio
a confetes, trios elétricos e axé, que ela nasceu. “Eu brinco que sou fruto de
um carnaval, mas minha mãe pira, porque ela não me fez no carnaval.” Ainda
assim, foi em meio à festa mais popular da capital baiana, que seus pais se
conheceram. Dessa relação, nasceu uma menina bonita, comunicativa e que ainda
iria pular muitos "carnavais".
Soteropolitana, Daniela Cunha, 20 anos, passou a maior
parte da sua vida como moradora de Brotas, um dos bairros mais populosos de
Salvador. “Só teve um ano, dos 6 aos 7, que eu morei no Cabula. Mas, saí da
maternidade direto para casa da minha avó, que é em Brotas, bairro onde eu moro
até hoje.” Apesar do trânsito cada vez mais complicado, ela gosta da sua
localização. “Eu gosto de lá, pelo simples fato de ser central e quase 'tudo na
vida' é perto, sabe?”. Não é à toa, que estudou grande parte da sua infância em
um colégio em frente ao apartamento onde mora. O bairro sempre atendeu a maioria
das suas necessidades.
A Cidade
Mas, foi quando deixou a sua zona
de conforto, que ela passou a enfrentar os problemas da cidade. “Ai vem
engarrafamento, ônibus lotado, muita gente mal educada.” O que mais a incomoda
não é propriamente a cidade e sim a falta de educação das pessoas. “Você vê uma
lata de lixo. Ai o cara chega, passa do lado e joga no chão. Isso me irrita
muito, dá vontade de pegar e falar um monte de coisa para a pessoa.” Apesar dos
problemas, ela confessa que não consegue se enxergar, no futuro, totalmente
desvinculada de Salvador. “Mas eu também não tenho medo de arriscar, até pela
questão profissional mesmo. Eu acho que pro campo de jornalismo, é legal São
Paulo. Se tiver oportunidade, sim, eu saio sem problema nenhum.”
O Jornalismo
A garota que tanto sonhara em
fazer Direito teria desistido da área pouco tempo antes do período do
vestibular. “Eu tive uma crise de identidade total, porque acreditei a minha
vida inteira que era isso que eu queria e depois descobri que não era.” Depois
de muito pensar no que de fato queria para a sua vida, surgiu a ideia de cursar
Jornalismo. “Eu comecei a juntar várias coisas que sempre gostei, como ler e
escrever. E eu também tenho um primo que é jornalista e, assim, deu tudo certo
na carreira dele, o que foi mais um estímulo”. Hoje, feliz com a mudança, ela
já consegue reconhecer a sua vocação dentro da área. “Eu gosto de escrever, de
apurar, ir para campo, ver a história e depois contar.”
Como repórter, uma das suas
primeiras experiências foi uma entrevista que fez como trabalho de faculdade.
Quando estava no segundo semestre, ela entrevistou o ator baiano Jackson Costa.
Na época ele se dividia entre um trabalho na televisão e uma peça teatral em
cartaz na capital baiana. “A agenda dele estava uma loucura”. Na primeira
tentativa, ele ligou desmarcando a entrevista. “Isso ai é super normal, mas eu
não sabia disso. Então, foi uma decepção, já me deu vontade de desistir, eu
achei que nada ia dar certo.” Ainda assim, ela persistiu e conseguiu
entrevistá-lo. Ligou o gravador, fez uma entrevista de trinta minutos e se
despediu. Mas só quando chegou em casa que ela notou: não havia gravado nenhum
minuto da entrevista. “Comecei a redigir loucamente tudo que eu lembrava.
Graças a Deus tenho a memória boa, porque foi péssimo, quase choro”.
A
Ideologia
Batizada na Igreja Católica, mas sem de fato frequentar nenhuma religião, ela diz que acredita em muitas
coisas, principalmente em Deus. “Eu concordo com muitas coisas de várias
(religiões) e discordo de outras. Então, se eu não vou seguir 100%, prefiro não
seguir nenhuma. Minha relação maior mesmo é com minha fé e com Deus,
independente de religião.” Assim como não tem religião, ela também diz não
pertencer a nenhum partido político. “A família influencia bastante. E minha
mãe sempre odiou o PT e sempre gostou de ACM.” Depois de revelar seu voto nas
ultimas eleições, ela confessa: “Tenho a consciência de que ACM, avô no caso,
fez muita merda realmente. Mas eu acho que ele teve seus benefícios.”
Também afirma não ter uma visão definida sobre o assunto, apesar de gostar de se manter informada sobre política. “Mas não tenho uma ideologia”. E cantarola.
“Eu quero uma pra viver”.
A Música
Apesar de ser “fruto de um
carnaval”, Daniela critica a capital baiana no aspecto musical. “Sinto falta de
outros ritmos aqui. Gosto de Capital Inicial, que só toca uma vez no ano em
Salvador.” Mas, sempre com um pé na sua festa preferida, ela assume sua paixão
pelo axé, principalmente pelo cantor Saulo, e diz que seu carnaval de 2014 já
está todo planejado. “Acaba um carnaval e eu já estou pensando no outro”. E
Daniela é assim: um carnaval de ritmos, crenças e
confissões. “Me deu espaço para falar, eu falo.” Ela sorri ao perceber que, em poucos minutos de entrevista, revelara tanto sobre seus "carnavais".
por: Lorena Dias
Nenhum comentário:
Postar um comentário