Perigo em
duas rodas
Por
Daniela Cunha
Em
meio ao caos do trânsito de cidades como Salvador, as motocicletas são grandes
aliadas para a mobilidade das pessoas. Em contra partida, tem sido as responsáveis
pelo aumento de 95% dos acidentes com vítimas fatais no trânsito na Bahia. É
com essa realidade que uma média de 98.323 motociclistas registrados na capital
baiana convive diariamente.
Segundo
estudo feito pelo Ministério da Saúde, o número de acidentes quase dobrou em
quatro anos e esse índice é o maior registrado em todo o país. Em Salvador, a
cada dez acidentes de trânsito, sete tem motocicletas envolvidas. Geralmente as
vítimas são homens entre 18 a 29 anos que usam motos de até 125 cilindradas.
Mesmo
entendendo os ricos, muitos não temem e nem abrem mão da sua motocicleta.
"Com a cidade anda cheia de carros, existem os congestionamentos e de moto
consigo andar com maior facilidade nos corredores, não me atraso, além de não
me irritar tanto como se estivesse em um carro", afirma Taislane Freitas.
A estudante já sofreu acidentes e mesmo optando por continuar a andar de moto
teme que algo mais grave aconteça.
Percebendo
o aumento na frota e no número de acidentes envolvendo motos não só no Brasil,
mas também na Bahia - especialmente em Salvador - e preocupados com a segurança
desses motociclistas, o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), criou uma
cartilha chamada "DENATRAN RESPONDE". O conteúdo está disponível para
download no site do departamento e responde às dúvidas
mais frenquentes dos motociclistas.
Motociclistas
versus motoristas
São
muitos os motivos que contribuem para essa verdadeira guerra, que favorece o
aumento dos casos de acidentes. A frota de carros e motos nas ruas só aumenta,
e falta um planejamento adequado para melhor controlar o trânsito na cidade.
Uma parcela dos motoristas e motociclistas mostra que ainda há muito que
aprender sobre educação no trânsito.
As
acusações vêm de todos os lados, e muitos motoristas acreditam que a maioria
dos acidentes envolvendo motociclistas é uma consequência da imprudência de
quem anda de moto, como comenta Carla Franco, que com apenas dois anos de
habilitada já acumula queixas "Eles aparecem do
nada no seu retrovisor, mesmo que a pessoa dê seta eles avançam, acham que o
espaço entre dois carros é a pista deles e buzinam enquanto andam por esse
"corredorzinho", reclama.
"Os
motoristas não respeitam os motociclistas, não sei o que há, mas eles em geral
não gostam de motociclista, sem saber que existem diferenças entre
"motoqueiros" (bagunceiros) e "motociclistas", afirma
Taislane, que ainda conta sobre o acidente que sofreu há dois anos. "O
motorista de um carro saiu de trás de um ônibus sem olhar pelo retrovisor e
bateu na minha moto, me jogando pra longe. Minha sorte foi que não vinha carro
no sentido contrario. O motorista seguiu viagem, mesmo sabendo que tinha me
derrubado”, lembra.
Apesar
de já ter se envolvido em um acidente de trânsito causado por um motociclista,
o administrador Thiago Castro não acredita que exista um culpado para isso tudo.
"É complicado responsabilizar alguém por
coisas que acontecem constantemente. Não podemos comparar os acidentes. São
situações diferentes, motoristas ou motociclistas podem ser culpados",
afirma.