quinta-feira, 21 de março de 2013

Perigo em duas rodas






Perigo em duas rodas  

Por Daniela Cunha



          Em meio ao caos do trânsito de cidades como Salvador, as motocicletas são grandes aliadas para a mobilidade das pessoas. Em contra partida, tem sido as responsáveis pelo aumento de 95% dos acidentes com vítimas fatais no trânsito na Bahia. É com essa realidade que uma média de 98.323 motociclistas registrados na capital baiana convive diariamente.

          Segundo estudo feito pelo Ministério da Saúde, o número de acidentes quase dobrou em quatro anos e esse índice é o maior registrado em todo o país. Em Salvador, a cada dez acidentes de trânsito, sete tem motocicletas envolvidas. Geralmente as vítimas são homens entre 18 a 29 anos que usam motos de até 125 cilindradas.

          Mesmo entendendo os ricos, muitos não temem e nem abrem mão da sua motocicleta. "Com a cidade anda cheia de carros, existem os congestionamentos e de moto consigo andar com maior facilidade nos corredores, não me atraso, além de não me irritar tanto como se estivesse em um carro", afirma Taislane Freitas. A estudante já sofreu acidentes e mesmo optando por continuar a andar de moto teme que algo mais grave aconteça. 

          Percebendo o aumento na frota e no número de acidentes envolvendo motos não só no Brasil, mas também na Bahia - especialmente em Salvador - e preocupados com a segurança desses motociclistas, o Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN), criou uma cartilha chamada "DENATRAN RESPONDE". O conteúdo está disponível para download no site do departamento e responde às dúvidas mais frenquentes dos motociclistas.






Motociclistas versus motoristas

          São muitos os motivos que contribuem para essa verdadeira guerra, que favorece o aumento dos casos de acidentes. A frota de carros e motos nas ruas só aumenta, e falta um planejamento adequado para melhor controlar o trânsito na cidade. Uma parcela dos motoristas e motociclistas mostra que ainda há muito que aprender sobre educação no trânsito.

          As acusações vêm de todos os lados, e muitos motoristas acreditam que a maioria dos acidentes envolvendo motociclistas é uma consequência da imprudência de quem anda de moto, como comenta Carla Franco, que com apenas dois anos de habilitada já acumula queixas "Eles aparecem do nada no seu retrovisor, mesmo que a pessoa dê seta eles avançam, acham que o espaço entre dois carros é a pista deles e buzinam enquanto andam por esse "corredorzinho", reclama.
         
          "Os motoristas não respeitam os motociclistas, não sei o que há, mas eles em geral não gostam de motociclista, sem saber que existem diferenças entre "motoqueiros" (bagunceiros) e "motociclistas", afirma Taislane, que ainda conta sobre o acidente que sofreu há dois anos. "O motorista de um carro saiu de trás de um ônibus sem olhar pelo retrovisor e bateu na minha moto, me jogando pra longe. Minha sorte foi que não vinha carro no sentido contrario. O motorista seguiu viagem, mesmo sabendo que tinha me derrubado”, lembra.

          Apesar de já ter se envolvido em um acidente de trânsito causado por um motociclista, o administrador Thiago Castro não acredita que exista um culpado para isso tudo. "É complicado responsabilizar alguém por coisas que acontecem constantemente. Não podemos comparar os acidentes. São situações diferentes, motoristas ou motociclistas podem ser culpados", afirma.

À espera da Jornada


Em 21 de agosto de 2011, o então Papa Bento XVI, anunciou que a 28° Jornada Mundial da Juventude (JMJ), evento que tem como lema “Ide e fazei discípulos entre todas as nações! (cf. Mt 28,19)”, aconteceria  na cidade do Rio de Janeiro. A partir disso, milhares de jovens de todo o mundo vem se preparando para participar desse encontro que pela primeira vez, desde que foi criado em 1986, acontece no Brasil. E para quem pensa que Salvador não mandará representantes para a Jornada, se enganou. Baianos como Anderson Freitas, José Venâncio Bomfim e Ana Clara Andrade estarão entre os dias 23 e 28 de julho na cidade do Rio de Janeiro reunidos com milhares de jovens compatilhando a sua fé.
Integrantes de um grupo de jovens católicos que atua na cidade de Salvador há 35 anos, o chamado Movimento Escalada, Anderson, José e Ana Clara estão ansiosos para que julho chegue logo. “As minhas expectativas sobre a JMJ são muito boas. Espero que seja um evento de muita espiritualidade e onde os jovens católicos possam mostrar que a igreja tem uma face que poucos conhecem. Uma face animada, jovem, sem deixar de ser comprometida com os princípios católicos”, declara Anderson.


Preparação

Diante de tanta euforia para a chegada do encontro, os 3 jovens fazem uma preparação para a ida à JMJ. O próprio Movimento Escalada tem auxiliado os jovens, pois além do três, mais de 80 católicos da Paróquia de Nossa Senhora da Luz, a qual frequetam Anderson, José e Ana Clara, também estarão embarcando para o Rio. “ O movimento tem promovido reflexões e encontros para abordar a JMJ, sua importância e informações, além de nos preparar espiritualmente para tal encontro”, relata José.
“Tenho vivido uma vida sacramental, recebendo a Eucaristia, no mínimo semanalmente, recebendo o Sacramento da Reconciliação, além de estudar sobre a nossa religião e orando”, conta Anderson sobre sua preparação.
Um complemento para o preparo é explicado por Ana Clara, que declara que além de frequentar ainda mais os Encontros do Escalda, tem se dedicado ao estudo do YOUCAT (Catecismo Jovem da Igreja Católica) e da própria bíblia.



Bento XVI e Papa Francisco

Novas expectativas sobre o JMJ também foram criadas depois que o Papa Bento XVI abidicou. “Logo que eu soube da renúncia do papa emérito Bento XVI fiquei surpreso, pois, obviamente, é algo inesperado”, disse Anderson. Ainda de acordo com o jovem, não cabe a niguém questionar sobre a decisão de Bento XVI, mas sim acolhê-la pois foi uma decisão muito bem pensada. O jovem ainda destaca a importância dos anos de papado do alemão: “Bento XVI teve um papel muito importante para a Igreja, pois esta precisava trazer a importância dos católicos se voltarem um pouco para sua fé, não ficar apenas na ação social, pois isto, sem espiritualidade, é apenas uma ONG, não algo cristão. E, ao meu ver, o Papa Bento XVI deu-nos isto”, conclui.
Sem Bento XVI, criou-se a curiosidade de saber quem seria o Papa que viria para a JMJ no Rio em julho. No dia 13 de março o mistério acabou, o argentino, Papa Francisco, será aquele que abençoará os jovens católicos daqui há quatro meses no Brasil. Apesar da expectativa de uma benção papal, os jovens destacam que isso não é o mais importante do encontro. “Espero ter alguns momentos presididos por ele, talvez uma missa. Porém, temos que ter em mente que grande foco da JMJ não é o papa, na verdade, mas somos nós, os jovens”, afirma Anderson.


Na bagagem

Já pensando no momento pós Jornada Mundial da Juventude, Ana Clara, Anderson e José dizem o  que esperam trazer na bagagem de volta para a casa.
Ana Clara: “Espero voltar transformada pelo Espirito Santo e compartilhar com amigos e familiares toda a minha vivência nesse período”.
Anderson: “ Espero voltar com uma fé mais madura e fortificado, ao ver a dimensão jovem que a igreja tem, que com certeza é muito maior do que se passa pelas mídias”.
José: “Pretendo voltar com a mensagem ‘Ir e fazer discípulos entre todas as nações’, o tema dessa JMJ, e executá-la onde for possível para mim”.

Por Liliane Sena
Fotos: Reprodução / Arquivo Pessoal







Tarde em Itapuã



Tarde em Itapuã
Por: Marcos Coutinho.
  Em 1971 Vinícius de Moraes e Toquinho estavam compondo a música “Tarde em Itapuã” naquele tempo como era bom “passar uma tarde em Itapuã” e “falar de amor em Itapuã”, mas nos dias atuais talvez a parte da música que mais se encaixe na situação de Itapuã seja “o dia pra vadiar”.

  “Passar uma tarde em Itapuã”, atualmente, você vai passando: vai passando o relógio, passando a carteira, entre outros itens, em decorrência da violência existente no bairro, se até a estátua do poeta Vinícius de Moraes, vem sofrendo com os furtos e atos de vandalismo, imagina quem tem que passar por Itapuã.

  Itapuã que significa “pedra que ronca” em tupi guarani, cresceu nesses últimos 42 anos, se transformou em um dos bairros mais populosos de Salvador, com cerca de 250 mil habitantes, segundo o IBGE. Os coqueiros deram lugar a cimento e concreto, a região que no passado só tinha casa de veraneio, passou a ter moradias fixas, perdeu certo charme, mas o mais preocupante é a violência do bairro, os assaltos, o tráfico de drogas, atos de vandalismo, que transformaram o bairro de tranquilo e romântico, para violento e pouco romântico, hoje a “pedra que ronca” esta mais para a “pedra que grita”, grita pedindo socorro.

  Henrique Gomes, de 20 anos, morador do bairro, acha que Itapuã esta violenta e conta sobre a violência no bairro, ao ser perguntado se já tinha sofrido com essa violência à reposta dele foi “não, porém amigos próximos a mim já sofreram”, o que na verdade termina atingindo ele indiretamente essa violência, já que as pessoas que sofrem são próximas, quando perguntado uma forma para diminuir a violência em Itapuã à resposta dele foi simples “aumentando o policiamento na região, agindo de forma eficiente”.

  Então, qual é a de Itapuã? É justamente buscar diminuir essa violência, para podermos cantar, andar e curtir as suas belezas, assim como faziam Vinícius e Toquinho. Podem ser feitas ideias como a sugerida por Henrique, para essa violência diminuir, pois ainda não é tarde para Itapuã, o bairro tem que sair da sombra e mostrar seu brilho, mostrar que ainda se pode “falar de amor em Itapuã”.

Foto da estátua de Vinicius de Morais em Itapuã, que sofre com o vandalismo.