Parece inevitável fazer mais
um registro.
De 17 até 20 de junho de
2013, o Brasil passava por momentos de glória. O povo havia finalmente acordado
e decidido tomar de volta tudo que lhes foi tomado de assalto pelos nossos governantes.
Que beleza!
Estive no Campo Grande no
dia 20 e havia caras pintadas, cartazes com os dizeres mais impactantes do
mundo, pessoas engajadas, corajosas, crianças lutando pela sua nação. Tinha
deficientes físicos representando a resistência. Tinha gente do bem fazendo
música na paz. Meninas agarradas e enroladas nas suas bandeiras iludindo-se ao
pensar que atacá-las seria um crime contra a bandeira. O hino nacional ecoava
por aquele corredor estreito, cheio de esperança.
Era de arrepiar.
E não é que aquele movimento
sem pauta e sem partido tinha dado certo? As pessoas gritavam por socorro,
clamavam por um país melhor de se viver.
Foto: Claudio Colavolve |
Foto: Claudio Colavolve |
Foto: Claudio Colavolve |
Foto: Tais Reis |
Mas o cenário mudou! Lara
Tironi, estudante de direito da Universidade Federal da Bahia, foi acompanhada
dos pais e avós para a manifestação, ela relatou o ocorrido no Vale dos Barris “Uma manifestação mais que pacífica encontrou pela frente uma emboscada.
Não havia policiais acompanhando a manifestação em nenhuma parte do caminho
entre os bairros do Campo Grande e dos Barris, sinal claro de que algo não
muito bom estava por acontecer. Dito e certo. Quando a manifestação chegou ao
bairro dos Barris, onde ficam o campo de barro e a pista de skate, lá estava o
circo armado, pronto para pegar fogo. E pegou.”
Foto:David Lingerfelt |
Foto:David Lingerfelt |
Foto:David Lingerfelt |
O fato é: o movimento que estava sustentado em um simbolismo incrível de pessoas unidas nas suas diferenças, foi atacado no meio caminho. O estado resistiu brutalmente, culpados saíram ilesos e guerreiros saíram feridos.
Henry David Thoreau - "A Desobediência Civil" pág 39. |
Mas temos um problema! Oportunistas #forampararua e
acabaram fazendo com que o Povo, ainda não representado, fosse forçadamente estigmatizado
de vândalos e baderneiros. Acontece, é histórico, as pessoas rotulam o Brasil
muito facilmente! Futebol, carnaval, mulher, essas coisas sabe como é?
Adrielle Coutinho, dona do perfil no twitter
@bahiadepressao desabafou lá pelas tantas, via Facebook: “Estão queimando uma bandeira do movimento NEGRO na Rua Brigadeiro em
São Paulo. Eu não quero mais saber dessa luta sem pauta. ACABOU PRA MIM!!”
Infelizmente e com muito pesar, escrevo que o
movimento do bem foi ofuscado pelos vândalos.
Só em Salvador, presenciei elementos invadirem o
Teatro Castro Alves e quebrarem 2 vidros da instituição. Todos os pontos de
ônibus daquela região foram destruidos. Lixeiras arrancadas e mais adiante
lojas foram saqueadas, destruidas e apedrejadas. Laís Nogueira, estudante de
jornanismo (nossa colega) e estagiária da TVE, postou uma imagem do carro de
reportagem pichado, com símbolos de uma revolta desmedida e egoista. Não temos
patrimônio, vamos destruir o que ainda nos resta?
Além de vandalismo ainda
consegui registrar cenas de extrema falta de educação dos manifestantes,
pessoas que queriam simplesmente ficar de cara pintada, espalhavam lixo por
todos os cantos, atentando contra o próprio movimento que reivindica por
educação.
Foto: Marília Randam |
Neste cenário conturbado, mais uma colocação de Adrielle me chamou atenção "Nem Hitler nem Mussolini criaram suas multidões; eles se apropriaram de multidões descontentes sem rumo, e lhes deram rumo "E é por isso que cada vez mais tenho medo dessa luta que se tornou sem partido, sem pauta, sem causa e o pior de tudo na mão de um grupo que se denomina ANÔNIMO.”
O povo brasileiro recém
conquistou o direito de se manifestar e tem gente fazendo de tudo para
destruí-lo. Quem ontem dormiu esperançoso, hoje dorme com receio de ser mais um
Mentos pra essa geração coca-cola,
20L, sem tampa.
Quem quiser, vale a dica musical que deu título para esta matéria, o nome da música é Tropicália Jacta Est! Divirtam-se!
Quem quiser, vale a dica musical que deu título para esta matéria, o nome da música é Tropicália Jacta Est! Divirtam-se!
Que bom poder escrever com toda a liberdade não é, Marília?
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