quinta-feira, 13 de junho de 2013

Dirigindo com educação, por favor

Por Carla Trabazo e Tainara Ferreira

“Primeiro vamos desmistificar: Não existe falta de educação no trânsito. O que existe é falta de educação mesmo. O trânsito reflete o desrespeito ao próximo, a competitividade exacerbada, a sensação de impunidade e, sobretudo a prática costumeira de não respeitar a legislação”, afirma Mirian Bastos, Professora Especialista em Educação no Trânsito e Gerente de Educação da TRANSALVADOR. E é através destas falhas do próprio homem que são vivenciadas e vistas situações que põem à prova a paciência do indivíduo, podendo chegar até à violência entre condutores, ciclistas, pedestres e motociclistas.

A falta de educação no trânsito já é uma preocupação mundial e está sendo objeto de estudo para várias instituições, que contribuem para a promoção de políticas públicas para redução dos acidentes de trânsito. Segundo os dados estatísticos da Rede Sarah, entre Janeiro e Junho de 2012, os atropelamentos foram responsáveis por 7,3% do total de internações em decorrência de Acidentes de Trânsito nos hospitais da Rede.  Entre as vítimas de atropelamento, 15,1% se deram no Hospital SARAH-Salvador.

"Fechada" provoca acidente na Av. Dorival Caymmi (Foto: Imagem/Tv Bahia)
Visando reduzir as estatísticas, o Governo Federal assinou o Pacto Nacional pela Redução de Acidentes no Trânsito, em resposta à Recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Resolução da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre a “Década de Ação pela Segurança no Trânsito 2011-2020” e Salvador já aderiu ao Pacto. Trata-se da oportunidade de parceria entre a sociedade e os governos Municipal e Estadual (através das Secretarias de Saúde e órgãos de Trânsito) para a implementação de boas práticas de segurança no trânsito.

Diante do exposto, a TRANSALVADOR já está realizando várias ações na área de sinalização, alterações na engenharia de tráfego, fiscalização permanente e educação para o trânsito, utilizando-se de indicadores nacionais.

Foto: Divulgação
O que mais preocupa é o índice de mortes e de pessoas que se prejudicam fisicamente. No mês de dezembro do ano passado, Sílvio Ricardo Andrade foi morto próximo ao Terminal Rodoviário de Salvador com dois tiros. De acordo com testemunhas, a vítima foi baleada durante uma briga de trânsito após colidir contra um carro e quebrar o retrovisor. Mirian reforça que a nossa educação está carente de valores éticos e morais bem definidos no núcleo familiar. “É na primeira infância que a criança forma os conceitos do bem e do mal, do certo e do errado. Quando os pais não deixam essas questões claras para os filhos e não impõe limites, a formação desses conceitos fica prejudicada. Atualmente, percebe-se que responsabilidade na educação das crianças está sob a responsabilidade apenas da escola”, comenta.


A pedagoga e diretora da Escola Pública de Trânsito, Ana Cristina Regueira, comenta que a faixa etária de motoristas, de qualquer tipo de veículo, que mais cometem infrações é de 18 a 35 anos. “São pessoas que se utilizam do veículo para viverem novas aventuras. Eles têm que aprender que as pistas não são locais de esporte, que a velocidade tem local próprio. A gente precisa investir mais em educação, o Detran já trabalha  nisto, mas nossos recursos são ainda poucos”, conta.

Enquanto não houver a conscientização generalizada de que dar uma “fechada” no outro ou fazer a clássica “roubadinha” não fazem do indivíduo mais esperto ou lhe poupa tempo, o trânsito de Salvador se tornará cada vez mais egoísta e, por consequência, mais perigoso e imprudente. “A educação não acontece do dia para a noite. Quando se investe em educação, as pessoas mudam, quando pensam melhor o seu comportamento”, explica Ana Cristina.



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