Por Carla Trabazo e Tainara Ferreira
“Primeiro
vamos desmistificar: Não existe falta de educação no trânsito. O que existe é
falta de educação mesmo. O trânsito reflete o desrespeito ao próximo, a
competitividade exacerbada, a sensação de impunidade e, sobretudo a prática
costumeira de não respeitar a legislação”, afirma Mirian Bastos, Professora
Especialista em Educação no Trânsito e Gerente de Educação da TRANSALVADOR. E é
através destas falhas do próprio homem que são vivenciadas e vistas situações
que põem à prova a paciência do indivíduo, podendo chegar até à violência entre
condutores, ciclistas, pedestres e motociclistas.
A
falta de educação no trânsito já é uma preocupação mundial e está sendo objeto
de estudo para várias instituições, que contribuem para a promoção de políticas
públicas para redução dos acidentes de trânsito. Segundo os dados
estatísticos da Rede Sarah, entre Janeiro e Junho de 2012, os
atropelamentos foram responsáveis por 7,3% do total de internações em
decorrência de Acidentes de Trânsito nos hospitais da Rede. Entre as
vítimas de atropelamento, 15,1% se deram no Hospital SARAH-Salvador.
"Fechada" provoca acidente na Av. Dorival Caymmi (Foto: Imagem/Tv Bahia) |
Visando reduzir as estatísticas, o Governo Federal
assinou o Pacto Nacional pela Redução de Acidentes no Trânsito, em resposta à
Recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS) e Resolução da Organização
das Nações Unidas (ONU) sobre a “Década de Ação pela Segurança no Trânsito
2011-2020” e Salvador já aderiu ao Pacto. Trata-se da oportunidade de parceria
entre a sociedade e os governos Municipal e Estadual (através das Secretarias
de Saúde e órgãos de Trânsito) para a implementação de boas práticas de
segurança no trânsito.
Diante do exposto, a TRANSALVADOR
já está realizando várias ações na área de sinalização, alterações na
engenharia de tráfego, fiscalização permanente e educação para o trânsito,
utilizando-se de indicadores nacionais.
Foto: Divulgação |
O que mais preocupa é o
índice de mortes e de pessoas que se prejudicam fisicamente. No mês de dezembro
do ano passado, Sílvio Ricardo Andrade foi morto próximo ao Terminal Rodoviário de
Salvador com dois tiros. De acordo com
testemunhas, a vítima foi baleada durante uma briga de trânsito após colidir
contra um carro e quebrar o retrovisor. Mirian reforça que a
nossa educação está carente de valores éticos e morais bem definidos no núcleo
familiar. “É na primeira infância que a criança forma os conceitos do bem e do
mal, do certo e do errado. Quando os pais não deixam essas questões claras para
os filhos e não impõe limites, a formação desses conceitos fica prejudicada.
Atualmente, percebe-se que responsabilidade na educação das crianças está sob a
responsabilidade apenas da escola”, comenta.
A pedagoga e diretora da Escola Pública
de Trânsito, Ana Cristina Regueira, comenta que a faixa etária de motoristas,
de qualquer tipo de veículo, que mais cometem infrações é de 18 a 35 anos. “São
pessoas que se utilizam do veículo para viverem novas aventuras. Eles têm que
aprender que as pistas não são locais de esporte, que a velocidade tem local
próprio. A gente precisa investir mais em educação, o Detran já trabalha
nisto, mas nossos recursos são ainda poucos”, conta.
Enquanto não houver a conscientização
generalizada de que dar uma “fechada” no outro ou fazer a clássica “roubadinha”
não fazem do indivíduo mais esperto ou lhe poupa tempo, o trânsito de Salvador
se tornará cada vez mais egoísta e, por consequência, mais perigoso e
imprudente. “A educação não acontece do dia para a noite. Quando se investe em
educação, as pessoas mudam, quando pensam melhor o seu comportamento”, explica
Ana Cristina.
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