quarta-feira, 20 de março de 2013

O baiano Salvador All Saints


Por Carla Trabazo

Foto: Site do time www.salvadorallsaints.com.br


Quando se fala em esporte na Bahia, a primeira coisa que vem à mente é o clássico de futebol BAxVI, mas poucos sabem da existência de uma das modalidades que mais crescem no país e que se desenvolve, ainda que timidamente, na capital baiana: o futebol americano e seu time pioneiro na cidade, o Salvador All Saints (SAS).

Fundado em outubro de 2008, o SAS começou com treinos na praia por ainda não possuir os equipamentos necessários e, principalmente, por muitas equipes, dentro e fora do estado, jogarem da mesma forma. “Na areia, os impactos são bem menores, o que permite jogar sem equipamentos”, conta Victor Rosa, 25 anos, Wide Receiver do time e eleito MVP (sigla em inglês de Most Valuable Player, prêmio de melhor jogador da partida).

O All Saints passou à modalidade de gramado por conta de muitos times já estarem fazendo a mesma transição. “Com a chegada das importadoras e sites que entregam no Brasil, mais times começaram a jogar na grama com fullpad (equipamento completo), então para não ficarmos ‘isolados’ todos votaram por mudar e começamos a comprar os equipamentos”, explica Cleovan Gois, 27 anos, Outside Linebacker.
Uma vez no gramado, o SAS começou a intensificar os treinamentos e recrutamentos, ficando conhecido como grande expoente do futebol americano na Bahia. Em 2009, a equipe foi convidada para jogar na Taça Aracaju, conquistando o segundo lugar e, já em 2012, estreou na competição nacional, participando da primeira fase do Campeonato Brasileiro. O caminho do Salvador All Saints, no entanto, ainda é longo.

Os desafios do futebol “americano-brasileiro”

Além dos esforços nos treinos para desenvolver as habilidades, a equipe enfrenta desafios dentro e fora do campo. Em entrevista, diversos jogadores do All Saints apontaram para o pouco incentivo ao esporte, principalmente em Salvador. “Há falta de incentivo por parte da iniciativa pública e privada. Até para passar equipamentos importados na alfândega os jogadores têm dificuldade”, afirma Cleovan.
Equipamentos caros e de difícil acesso.

A falta de visibilidade do esporte acarreta em vários quesitos que muitas vezes os prejudicam. Exemplo disso é a inexistência de um campo específico para futebol americano em Salvador, tendo o time que recorrer a alugueis de campos de futebol em clubes da cidade. E, ainda, os equipamentos necessários para treinar e equipar o jogador são, na maioria das vezes, caros e de difícil acesso. “Apesar de existir uma fábrica em Belo Horizonte, uns 80% dos nossos equipamentos são importados, pois as marcas são melhores”, explica Victor.

Os jogadores, no entanto, não se desanimam. Buscando maior visibilidade ao time, eles estão sempre convidando amigos para participarem dos treinos e se utilizam de redes sociais para divulgar o All Saints. José Máximo Neto, 25, por exemplo, descobriu o time em 2012 através da internet e foi muito bem recebido, pleiteando hoje a posição de Running Back. O investimento em equipamentos e viagens para partidas fica também por conta da equipe, na falta de patrocínio ou parcerias.

O pouco conhecimento do esporte acarreta, ainda, em um fato curioso. Em todas as partidas existe um narrador que entretém o público e explica os passes, uma vez que muitos na torcida não entendem as regras. Os árbitros, ainda, são jogadores de outros times. “Por não ser tão conhecido (o futebol americano), temos que dividir as tarefas entre os jogadores, tanto no campo quanto nas partes administrativas”, conta Victor.

O treino físico e mental do “esporte democrático”

Duas vezes por semana o time treina com o novo técnico escocês Michael Smith, que recentemente conheceu o All Saints através de uma conversa despretensiosa com um dos jogadores. Depois de alguns aquecimentos, a equipe é dividida de acordo com suas posições no jogo para fazer exercícios específicos e receber dicas do treinador ou dos quarterbacks (que são como os capitães do time).
Treino do Salvador All Saints no Villas Tenis Clube
“Cada posição joga e corre diferente, assim como o equipamento é específico para cada uma. Este é o esporte mais democrático, adota todos os tipos de físico porque cada posição precisa de uma habilidade diferente”, explica Victor, que ainda ressalta a necessidade de frequentar a academia todos os dias e de se alimentar corretamente para um bom desempenho.

O Wide Receiver conta que o treino não é apenas físico, o jogador precisa de muito estudo. “Temos que estudar não só os passes e pontos fracos dos adversários, como também assistir às partidas nacionais e internacionais. Além disso, você tem que saber a fundo todos os passes do próprio time através do Playbook (livro com todos os passes, códigos e jogadas do time), que é segredo de Estado”.

Ressalta-se, ainda, que todo o vocabulário do esporte (passes, equipamentos, funções) mantém as palavras em inglês, quase nenhuma foi traduzida. “Por ser um esporte recente no Brasil, talvez seja por essa questão”, explica um dos jogadores.

“Ninguém está preparado”

Até o ano passado, o Salvador All Saints não possuía um técnico. “Alguns jogadores eram escolhidos como comissão técnica e dirigiam o time, mas zero de direção profissional e experiente”, diz Victor. Voltando, inicialmente, aos treinos sem equipamento, o novo técnico escocês, com oito anos de experiência na Alemanha, dá todas as instruções em inglês e os que entendem vão traduzindo aos demais.

Técnico Michael Smith
Em entrevista, Smith ressalta a dificuldade do esporte “cair no gosto do público” e a falta de recursos para treinar. “Nos Estados Unidos, as pessoas vivem o futebol americano; crescem com ele. Aqui, ninguém entende”, lamenta. Perguntado sobre o desempenho do time, o técnico explica que o All Saints não está preparado: “não importa quantos treinos façamos, quantas partidas joguemos, nunca estaremos preparados. Ninguém nunca está preparado”.


4 comentários:

  1. Olá.

    Me passa vosso email que quero oferecer minha ajuda. Pequena, mais será um bom apoio.

    Email: mcsilvany@hotmail.com
    Fone: 71-8856-6540/9651-6975/8364-6134

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  2. Prezado Maurício Silvany, segue os contatos do Salvador All Saints:

    Salvadorallsaints@outlook.com
    9111-1011

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  3. BOM DIA AONDE SÃO REOLISADOS OS TREINOS E O RECRUTAMENTO?

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  4. me mande um e-mail por favor andersonbrazil2012@hotmail.com gostaria de saber se o treino é aberto ao publico se tem recrutamento também e testes obrigado..

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