Ainda há
salvação na limpeza do nosso mar e das nossas tão famosas praias. É que o
Centro de Pesquisa e Conservação dos Ecossistemas Aquáticos ou como é chamado,
Biota Aquática, luta na preservação deles e faz parte de projetos para chamar a
atenção dos Soteropolitanos.
A ONG surgiu
em 22 de abril de 2005 com um grupo de biólogos e de ainda estudantes de
ciências biológicas que tinham como objetivo em comum realizar pesquisas e
ações para com a preservação dos ecossistemas aquáticos.
Conversei com
dois dos biólogos que fazem parte do projeto. Rodrigo Maia-Nogueira, 38 anos e
Janete Abrão, 28 anos.
Rodrigo
que é um dos fundadores do grupo começou a trabalhar com meio ambiente em 1997,
quando entrou para o projeto MAMA e não parou mais. “De lá pra cá venho participando de
ações e apoiando atividades de diversas instituições governamentais e não
governamentais, tais como o Instituto Mamíferos Aquáticos, a Fundação Mamíferos
Aquáticos, o Instituto Baleia Jubarte, o Greenpeace, a Fundação SOS Mata
Atlântica, o IBAMA, o ICMBio, a Conservation International, a UFBA, etc.”,
disse o biólogo.
Janete
é bióloga formada pela Universidade Católica do Salvador, desde 2007, e durante
a graduação trabalhou com mamíferos aquáticos e atualmente trabalha em
consultoria ambiental na área da Mastofauna terrestre. Entrou na Biota para
fazer pesquisas com Mamírefos Aquáticos a convite de Rodrigo. Trabalha também
no projeto de educação ambiental infantil, o biotinha, ministrando palestras em
escolas e com atividades lúdicas nos eventos da Biota, com o foco sempre no
lixo.
Repórter: Qual o principal projeto da ONG?
Rodrigo: Não existe um principal projeto. Atualmente temos quatro programas sendo
executados, cada um com os seus projetos e ações:
1) Programa
Biotinha – programa de educação, orientação e sensibilização ambiental e de
cidadania voltado ao público infantil. Promove palestras, oficinas, etc.
2) Programa
Lixus humanus - Programa de políticas
públicas, ações e gestão dos resíduos sólidos. Atividades de limpeza de praia
como o Cleanup Verão e o Cleanup Day Bahia que acontecem após o carnaval e em
meados de setembro respectivamente fazem parte deste programa.
3) Programa Fauna
Invasora – Programa de pesquisa, erradicação e promoção de políticas públicas
relacionadas às espécies exóticas invasoras na baía de Todos os Santos e costa
Atlântica da cidade do Salvador. Neste programa estamos atualmente estudando a
invasão do peixe Omobranchus e realizando ações de erradicação e controle do
coral-sol (Tubastraea spp.).
4) Programa
Biota Aquática do litoral Soteropolitano – Este programa visa realizar
diagnósticos ambientais com checklist das espécies existentes, definição da
estrutura e status populacional e de conservação, identificação das pressões
antrópicas que estas espécie sofrem nesta região, e elaboração de planos de
conservação que visem mitigar tais pressões. Atualmente está sendo desenvolvido
o diagnóstico da biota aquática nos naufrágios mergulháveis de Salvador e o
impacto da atividade de mergulho recreativo sobre as comunidades. Outro projeto
realizado neste programa foi o diagnóstico de poças de maré de Salvador,
projeto este que se encontra parado no momento uma vez que os pesquisadores
responsáveis estão impossibilitados de dar continuidade, porém pretende-se
reiniciá-lo em breve.
Repórter: De onde partiu a ideia da “ONG”
participar do projeto “Salvador, viva, ame, cuide”?
Rodrigo: Na verdade ocorreu o contrário, o
pessoal do projeto “Salvador, viva, ame, cuide” que nos procurou propondo
parceria nas ações que já realizávamos, apoiando nossas ações em troca de apoio
nosso em suas ações com o objetivo de ampliar o leque de possibilidades das
suas ações incluindo o lixo marinho.
A primeira
parceria se deu durante o Cleanup Verão 2013 com o fornecimento de camisas e
realização de um vídeo de divulgação por parte do “Salvador, viva, ame, cuide”,
em contrapartida instalamos uma tenda de educação ambiental (Biotinha) em um
evento deles realizado em 31 de março no dique do Tororó.
Estamos
organizando com eles uma grande ação de limpeza de praias a acontecer
simultaneamente em diversas praias de Salvador com a participação de vários
grupos de pesquisa e ONGs. Esta ação sem data definida no momento terá o apoio
logístico do “Salvador, viva, ame, cuide” e a coordenação do “Biota Aquática”.
Além do
“Salvador, viva, ame, cuide” tiveram igual importância para o evento a escola e
operadora de mergulho Bahia Scuba, o Grupo VEXA, a Ichtus Soluções Ambientais,
o Zoo Salvador, o Grupo de Voluntários do Greenpeace de Salvador, o Grupo de
Voluntários do 350.org, o grupo Mundo Limpo e a Fun Dive.
Repórter: E o CleanUp Day? Você pode explicar
sobre o projeto?
Rodrigo: Hoje temos duas atividades anuais de
Cleanup (limpeza de praias), o Cleanup Verão que é realizado após o carnaval e
o Cleanup Day que é realizado em meados de setembro no dia mundial de limpeza
de praias.
Esta ação ao
contrário do que muitos pensam não tem como objetivo limpar a praia, já que se
sabe que o lixo recolhido foi gerado nos dias que antecedem a ação e em poucos
dias ou horas já estaria tudo sujo novamente, o objetivo é incomodar a
população trazendo à tona o problema com o intuito de provocar reflexões que
sensibilizem as pessoas atingidas a adotarem condutas conscientes ao
frequentarem uma praia. Por isso quando falam do evento, mau ou bem, estamos
atingindo nosso objetivo e isto é contabilizado, afina para falar a pessoa teve
que pensar no assunto.
Durante os
Cleanups realizamos a retirado do lixo na faixa de areia e dentro d´água em
mutirões organizados, identificamos os itens coletados e atribuímos informações
qualitativas e quantitativas a estes que auxiliarão na identificação das fontes
e na promoção de políticas públicas. Além da “limpeza” realizamos intervenções
diretas com a finalidade de incomodar um pouco a população da praia, tais como
amontoar o lixo recolhido durante o dia em um determinado ponto, etc ... E
realizamos ações de sensibilização e orientação com as crianças da praia,
unindo atividades do programa Lixus humanus e do Biotinha.
O Cleanup vem
sendo realizado pelo Biota Aquática desde 2006 com um grupo restrito de
voluntários e atingindo 40-45 pessoas, tendo tido o seu auge em 2010 com mais
de 9.000 pessoas atingias de forma direta contando com quase 140 voluntários.
No verão deste ano ampliamos o número de pessoas atingidas de forma indireta
para mais de 26.000 (17.000 só em Salvador) apesar de termos tido um resultado
menos expressivo quanto a pessoas diretamente atingidas (entre 1.500 e 1.800
pessoas) e no número de voluntários que chegou a algo próximo de 50.
Repórter: Como é participar de um projeto
grandioso que teve bastante repercussão na mídia?
Janete: É prazeroso, não necessariamente pela
repercussão na mídia, mas pelo resultado que todo projeto de sensibilização tem
como finalidade... que mesmo sem o projeto, mas em decorrência de sua
sensibilização as pessoas envolvidas adquirem
consciência e perpetuam o que foi passado, no caso, evitando jogar
resíduos em locais indevidos e a cada ano, temos pessoas mais participativas,
muitas vezes nos abordando para falar da importância do projeto, isso é
gratificante. Falando por mim, sinto que
faço uma pequena diferença.
Rodrigo: É extremamente satisfatório acompanhar
o crescimento de uma ação que introduzimos e espero que com a repercussão venha
o resultado que será um aumento da consciência da população.
A ONG tem
site, facebook e email para contato (contatos@biotaaquatica.com) pra quem quer ficar mais por dentro
dos projetos e se quiser participar de alguma ação.
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